segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

O Dilema do Relógio

Pare o que está fazendo e dedique 10 minutos do seu tempo para ouvir o mundo ao seu redor.
O que você ouve?
Quanto a mim, ouço o tic-tac do relógio; ouço o balançar das folhas da árvore; os latidos do cachorro que late só; os distantes ecos dos carros, motos, caminhões e caminhonetes; e a rabiola de pipa presa no poste se mexendo ao passar do vento. E então alguém usa a torneira e eu posso ouvir a água vindo da caixa d'água e passando pelos canos. Qual a torneira destino não sei, mas ouço claramente a água passando. Então um mosquito passa com seu maldito zumbido. A parede estala. O teto estala uma vez. E depois outra, havendo entre cada estalo um intervalo de cerca de 2 segundos. E quando levanto um dedo para coçar o rosto, da cadeira ouço um estalo. A TV ligada na sala, mesmo que com a opção "mudo" ativada, produz uma espécie de som, bem fino e quase imperceptível. Mas é noite, e no silêncio da noite até o mais imperceptível dos sons torna-se perceptível. E por um momento, o tic-tac do relógio sumiu. Sumiu pois dava atenção aos latidos, às folhas e ao contínuo e irritante som da lâmpada do abajur. Se, naquele momento, me dissessem que não existe relógio, eu concordaria sem relutância. Afinal, não deixa de ser verdade. Não estaria mentindo ao dizer que não há relógio. Não estaria faltando com a verdade. É verdade que para mim, naquele dado instante, não havia relógio algum. Mas, agora que estou olhando para o relógio, eu sei que ele existe e existiu durante todo esse tempo em que minha atenção se voltava aos outros sons. A existência do relógio também não deixa de ser verdade. Naquele momento, eu poderia jurar que não havia relógio algum. Mas agora eu também poderia jurar que, naquele momento em que não percebia o relógio, havia um relógio ali, bem ali, em cima da mesa, dizendo em alto e bom volume e de forma uníssona: "tic-tac".
A verdade não é única. A verdade é que o relógio estava E não estava ali, simultaneamente.
Mas o que me incomoda não é esse dilema. O que me incomoda é... quantos outros sons estão bem ali e não percebemos por dar atenção a outros? A possibilidade é concreta. O exemplo lhes mostrei. O que pode haver além daquilo que nossos sentidos dão atenção? O que pode haver além daquilo que podemos jurar que não existe? Quantos serão os outros sons que nossos sentidos nos dizem que não existem mas, simultaneamente, existem de fato?

domingo, 14 de janeiro de 2007

Nossa estúpida realidade

Eu realmente acho que não é necessário postar isso - visto que o texto tem palavras fortes e alguns podem sair ofendidos, haha - mas eu já guardei essas opiniões por tempo demais. Tá na hora de botar toda essa inconformação pra fora. Quem discordar que dê seu parecer. E quem não discordar também:

Um mundo de pessoas medíocres, sem senso crítico, sem opiniões próprias, vivendo uma felicidade imbecil de desvalorização ao próximo, vulgaridade e de um consumismo irracional que em breve levará nosso planeta à ruína.
Eis nossa supimpa realidade.

Tão estúpidas e ridículas são as pessoas de nosso tempo... cegas pelo senso comum, repetindo mecanicamente frases idiotas como se estas fossem inocentes. Mal sabem que são essas as frases que formam as ideologias que rodam as engrenagens do sistema - o sistema das pessoas estúpidas, como já preveu Aldous Huxley em seu Admirável Mundo Novo -, as frases que, sem perceberem, adentram suas mentes inconscientemente.

Pretendo um dia entender de que forma a estrutura econômica influi no psicológico das pessoas (fracas de espírito, conformistas, que a tudo são receptíveis e, diga-se de passagem, sem a menor resistência). Estas são as pessoas ditas flexíveis e sensatas, que sentem-se sempre bem, onde quer que estejam. As pessoas que sempre se sentem bem são aquelas que não apresentam resistência, que não contra atacam nada. Tudo aceitam e se calam.
Portanto, onde houver um inconformado, dê-lhe ouvidos, pois este inconformado sabe que tem algo errado. Ele não aderiu e resistiu. Eis um revolucionário em potencial. Eis um visionário, que não aderiu à estupidez dos homens desumanos, tão desumanos a ponto de reprimir seus mais íntimos impulsos - impulsos de resistência.

Uma frase minha bem radicalzinha: "Não que a pessoa deva se considerar louca ou anormal, mas se afaste e não confie em qualquer pessoa que se considere 'normal'".

Opinem e critiquem tão impiedosamente quanto eu critico (hahaha, até parece que tanta gente assim lê o que eu posto...).

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

O auto hipócrita

Dentro deste tema, estive pensando... O homem moral, aquele que só faz o que dizem que é certo, que sempre é dócil e educado. Este homem vive reprimindo seus impulsos - mais do que os não tão corretos como ele - vivendo da auto regulação, da auto negação, vive de seguir um padrão correto, um ideal fixo, imutável. Eu imagino... que tipo de problema deve gerar toda essa hipocrisia dentro da cabeça deste homem? Será que além de hipócrita, este homem é doente?

O que acontece quando não saciamos nossos impulsos?

O viver é um constante processo de surgimento de impulsos - seja de pensamentos, emoções, ações, palpites - e repressão dos mesmos.

Quando alguém está bebendo água e se passa por sua cabeça o impulso de comunicar algo a alguém que está próximo, logo este alguém percebe que antes de falar, é preciso que termine de beber a água que está em sua boca. O impulso então é momentariamente reprimido.

Quando se passa pela cabeça de alguém o impulso de criticar uma outra pessoa, mas este alguém logo percebe estar sendo injusto - seja qual for o motivo -, há uma repressão do impulso crítico.

No primeiro exemplo, o impulso, apesar de reprimido, logo é saciado. Mas no segundo, o impulso crítico não é saciado, é absolutamente reprimido pelo motivo que fez o alguém perceber estar sendo injusto. O que acontece com esse impulso reprimido? Será que se aloja no inconsciente e surge nos sonhos de forma simbólica como uma forma de ser assimilado conscientemente?